segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O povo tem o político que merece?

por Cleber Xavier



Quero usar das ideias de Maquiavel para trabalhar esse assunto. A frase "o povo tem o político que merece" quer afirmar que o fato dos políticos serem corruptos consiste na razão de que essa corrupção é gerada pelo próprio povo que se vende por cestas básicas, tratamento dentários, quantia de dinheiros, favores e entre outras coisas afins. Outro fator que podemos mencionar é que esse político sai do meio desse povo que traz uma concepção de política, como um meio fácil de ganhar dinheiro.

Se olharmos o verdadeiro sentido de política, buscando a concepção grega, veremos que esta é a ARTE DE GOVERNAR. Quando se diz arte, entende-se que não é uma simples prática, mas um talento, uma verdadeira competência. Realmente é preciso ter talento para governar, pois, conseguir encontrar o bem comum de uma sociedade que é marcada por enormes diferenças das mais variadas, somente alguém com muito talento. O problema é que desviaram o sentido de política, não como talento para governar, mas como talento para manipular. E para isso não se especializaram no verdadeiro ramo da administração pública, mas sim na publicidade. Acho que estão lendo o livro de Maquiavel, (O Príncipe) "o político não precisa ser bom, mas apenas parecer bom".

Maquiavel entende a natureza humana não como entendia Aristóteles "o homem é um animal político", ou seja, ele nasceu para convivência com o outro, mas, para Maquiavel, o ser humano nasceu para a divisão e a desunião. "Os homens são ingratos, volúveis, simulados, dissimulados, fogem dos perigos, são ávidos de ganhar, são desconfiados, invejosos, tem mais receio de ofender a quem se faz temer do que aquele que se faz amar, esquece rapidamente da morte do pais do que a perda do patrimônio." Em resumo: os homens são maus.

Além disso, para Maquiavel, todas as relações humanas são relações de poder. Para que você alcance seus fins, você precisa controlá-los sem se deixar levar pelo controle deles. Essa busca consiste na regulação do agir humano, somente assim você pode fundamentar seu poder.

Será que devemos nos conformar com essa ideia sobre a natureza humana e aceitar que o ser humano é naturalmente mau, por isso, não adianta tentar idealizar um povo consciente e um político responsável pelo poder público?

Na Política, os fins justificam os meios

por Cleber Xavier




Já dizia o famoso e tão atual filósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) em sua obra O Príncipe "os fins justificam os meios". Este filósofo transformou o olhar sobre a política. Ao meu ver enxergou uma política técnica e eficiente em relação a manutenção do poder.

Com certeza você já ouviu falar naquela expressão quando alguém faz algo maldoso: "Você é maquiavélico". O conceito Maquiavélico veio do sobrenome de Nicolau, em razão de suas obras. Há uma maneira errônea de interpretar Nicolau Maquiavel como sendo um filósofo que afirmava que alguém que exerce um poder governamental deve agir como um carrasco, um imoral, um aproveitador, um ganancioso, enfim, tudo aquilo que exclui a virtude. Essa visão é uma análise superficial sobre suas ideias.

Para Maquiavel, a importância política se consolida na potencialidade de garantir a unidade, a ordem, a segurança e a prosperidade de uma comunidade. Se para conseguir isso o político precisa ser tirano, ganancioso ou imoral, Maquiavel defende esses atributos. Dessa forma podemos ver que Maquiavel não defende necessariamente um governante imoral. Para ele, se esse atributo contribuir para a unidade política, é importante que continue, como também, se numa determinado governo, para garantir a unidade política o governante precise ser moral, continue sendo moral. Não importa como se chega nessa unidade política, desde que se chegue nela (os fins justificam os meios).

Acho que os métodos de Maquiavel é livro de cabeceira de muitos políticos. A diferença é que o objetivo proposto por Maquiavel na qual consiste na unidade política de uma comunidade, é mudado para uma busca totalmente voltada para o alcance do poder, ou seja, se para que que eu consiga o poder eu precise fazer coisas (boas ou más), eu farei (os fins justificam os meios).

Existem políticos que para conseguir ou manter o poder rompem com amizades que um dia foram verdadeiras; mudam de caráter como se mudassem de roupas; criam "faxadas" permanecendo com as esposas para garantir a imagem de uma pessoa de família; carregam bebês que nunca mais voltaram a vê-las; tomam café em padarias populares; abraçam pobres e consola os aflitos.

Maquiavel diz que o político não precisa ser bom, mas apenas parecer bom. Dessa maneira as qualidades morais se tornam simples instrumentos na luta pelo poder e no sucesso político.

Aproveite essas eleições e verifique quem tem como livro de cabeceira a obra de Maquiavel "O Príncipe"