sexta-feira, 25 de março de 2011

Hannah Arendt e a Crise da Educação

Hoje li um texto sobre a crise da educação trabalhado por Hannah Arendt no seu livro "Entre o passado e o futuro" muito interessante. Ela trabalha o conceito de natalidade relacionada a educação. Para ela a educação tem o papel de introduzir a criança para este mundo que a princípio é estranho a ela. Esta preparação nos coloca como responsáveis pela sua formação, na qual consiste no ensinamento de valores e princípios aprendidos. Se não houver uma certa preparação a esta criança, ela estará jogada a toda sorte.

Para introduzir a criança ao mundo, Arendt trabalha o conceito da esfera pública. Este conceito consiste no espaço onde se realiza de forma legítima a formação humana, na qual ele pode, com liberdade, se expressar, se criar. A esfera pública se contrapõe a esfera privada na qual se fundamenta na necessidade particular de sobrevivência da pessoa que é resumida na realização de interesses particulares se esquecendo do coletivo. Com a influência das mídias corporativas e suas ideologias de mercado há o desmantelamento da esfera pública massificando comportamentos e proporcionando uma pseudoidentidade das pessoas.

Pensando nessa visão de ARENDT sobre a natalidade como essência da educação, podemos perceber que seu desafio é de grandes proporções, principalmente porque ensinar e resgatar valores diante de ideologias que são propagadas pelas diversas mídias quase 24h se torna quase um trabalho sobre-humano. Como trabalhar valores e resgatar princípios sociais diante de um mercado que necessita deste pública para garantir suas ideias e produtos? Somos envenenados constantemente com ideologias de mercado e de entretenimentos vazios; apreciamos deliciosamente os produtos implicitamente impostos. Acordamos, andamos, trabalhamos, estudamos e dormimos com essas ideias. Fica difícil entender quem realmente sou eu?

Podemos dizer que o papel principal da Educação atualmente é tentar constantemente destruir estes padrões comerciais engolidos pelas sociedades que fomentam a esfera privada. O grande problema é que quem patrocina a própria educação, de certa maneira, são as grandes corporações comerciais, na qual tem como objetivo criar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho. É preciso ter consciência de que o papel principal da Educação não consiste essencialmente numa formação técnica, mas sim na formação humana. Esta formação que consiste num sujeito que pensa a vida em todos os sentidos e não pensa exclusivamente as máquinas e seu funcionamento. Para isso é preciso que a esfera pública - trabalhado por Arendt - seja cultivada para que o espaço democrática da liberdade de expressão seja propagado, a fim de que legitimamente o humano seja contemplado no lugar da máquina. Desta forma a Educação poderá assumir o verdadeiro papel da natalidade, na qual, introduzirá a criança ao mundo procurando denunciar as influências ideológicas.

Cleber Xavier

domingo, 20 de março de 2011

Relacionamento

O que sustenta um relacionamento? Vemos relações darem errado e outras dando certo. Pessoas desesperadamente procurando seu par, sua tampa da panela, torcendo para não serem uma frigideira. Ou também, há pessoas que trocam de pares, quase na proporção que se troca uma roupa. O que levam algumas pessoas serem assim?

Hoje, em razão da grande ansiedade pela busca do parceiro(a) ideal, o mercado aproveita desta angústia frenética, para poder gerar capital. Vemos agências de relacionamentos que trabalham na busca de encontrar, a partir de seus dados, pretendentes possíveis para a futura relação. Não se pode dizer que relacionamentos construídos por uma relação virtual não duram, pois é possível encontrar vários que deram certo e que acabaram por constituir famílias.

É possível formular uma receita infalível para se manter um relacionamento? Venham... venham... lhe apresento 10 dicas para que seu relacionamento fique estável por toda a vida... ou, lhe apresento 5 maneiras de segurar o seu parceiro(a) por toda a sua vida.... ou, lhe apresento 3 dicas para que seu parceiro(a) seja dependente de você. Em vista desta propaganda, na qual apresenta uma ideia rápida e fácil para o seu produto, posso ter certeza de uma coisa, eu ganharia um bom dinheiro.

Todos sabemos que o segredo de um relacionamento estável consiste no AMOR, porém, este atributo não é previsível, não é calculável, não é passível de planejamento e nem mensurável. Pode-se dizer que o amor é um animal livre que não pode ser controlado, domesticado ou preso, pois perde sua essência e se torna a AMARGA ROTINA. No entanto, ele não cria raízes sozinho, precisa ser adubado e regado como uma flor. Esta flor é frágil, mas se bem cuidada cria fortes raízes.

Você pode aprender com algumas experiências de outros casais, porém, saiba que não se treina relacionamentos, não se pode tratar o amor como um mero objeto de testes, cada casal ou pessoa é único. Desta forma, você viverá situações singulares com seus relacionamentos. Se você foi sincero nos relacionamentos anteriores ao seu atual, você acaba aprendendo algo, porém, nunca poderá ser comparado a outros como se fosse um teste, por mais que tenha detalhes semelhantes, ainda ele será único. 

Eu entendo que o amor num relacionamento vai ser sempre um mistério inalcançável para nossa razão. Tentar entendê-lo é como querer entender a imensidão do universo. Não sou especialista em relacionamentos, mas entendo que a sinceridade e a comunicação é o seu melhor adubo.

Cleber Xavier

sábado, 19 de março de 2011

Brasil & EUA

Hoje foi intenso na mídia a divulgação da chegada do presidente dos EUA ao Brasil, com sua esposa e filha. Cada passo dado pelo presidente era descrito pelos jornalistas em eufóricos e criativos detalhes. O aceno, o olhar, a roupa, a postura, o cumprimentar, enfim, cada detalhe, cada respiração, era repassado aos ouvintes ou telespectadores com um clima na qual parecia que o Brasil havia parado para recebê-lo.
Até antes mesmo do presidente Barack Obama chegar, os telejornais intensamente informavam sobre a importância de sua visita, pelo fato dos grandes acordos que interessavam tanto o EUA quanto o Brasil. Hoje mesmo ouvi falar sobre vários destes acordo como:

  • comércio e cooperação econômica;
  • cooperação no planejamento e desenvolvimento estratégico, de infraestrutura, de segurança e de apoio ao turismo na execução da Copa e das Olimpíadas;
  • acordo sobre os transportes aéreos visando garantir a segurança do espaço aéreo dos dois países, combate ao terrorismo e facilitação para parcerias comerciais entre empresas brasileiras e americanas;
  • um tratado que promove uma maior cooperação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Nasa para “pesquisa, projeto, desenvolvimento, teste, fabricação, montagem, integração, operação ou uso dos Veículos Lançadores ou de Transferência, de Carga, ou de instrumentos” espaciais.
Segundo algumas informações da mídia, estes acordos precisam ser votados ainda na Câmara e no Senado para serem validados.
O grande desejo do governo brasileiro na visita de Barack Obama era a possibilidade que ele defendesse o Brasil, sobre a cadeira de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, porém, ele não foi tão enfático.
O fato é que existe interesse do governo norte-americano na grande quantidade de pré-sal descoberto no Brasil. Por isso mesmo ofereceu cooperação na exploração, como também, quer que o Brasil se torne um grande fornecedor de petróleo a eles. Nós sabemos que este interesse se deu em razão dos intensos conflitos nos países árabes - grandes fornecedores de petróleo. Esta instabilidade forçou os EUA a procurarem outros fornecedores.
Que nosso governo abra os olhos e negocie se colocando no mesmo nível que os EUA. Hoje temos algumas cartas na manga para negociar, enquanto que os EUA só tem a oferecer cooperação nisso... cooperação naquilo... cooperação em etc... Na verdade eles querem oferecer aquilo que não comprometa sua economia. Eu duvido que eles abrirão mão do sistema protecionista que tem em relação aos produtos brasileiros.

Cleber Xavier