Hoje assisti uma entrevista de Eduardo Bueno em um programa da TV Escola. Essa entrevista foi bem interessante porque ela foi feita numa escola estadual, na qual, alunos e professores questionaram e tiraram dúvidas do trabalho e vida do entrevistado.
Eu não conhecia Eduardo Bueno. Pela entrevista, soube que ele é jornalista, escritor e tradutor brasileiro; também é conhecido como Peninha. Dentre algumas obras que escreveu estão: a tradução de "On the Road", de Jack Kerouac, a biografia dos Mamonas Assassinas e, cinco livros sobre a história do Brasil para leigos. Confesso que não conheço muito sobre seus escritos, mas sua postura e maneira como respondia as questões me cativou, principalmente sobre o que falou em relação a 'Leitura e Escrita" nas escolas.
Ele me fez refletir sobre a importância incondicional do estímulo à leitura e a escrita. Ele nos contou que era um aluno extremamente inquieto, por isso não fazia parte da lista de estudantes exemplares em critérios de disciplina e notas. Mas, a leitura e a escrita lhe possibilitou crescer como sujeito crítico e pensador, como também, desenvolver trabalhos que ganharam reconhecimento nacional.
Às vezes fico me questionando até que ponto o sistema educacional realmente prepara nossos estudantes? Preparar para o vestibular é tudo? Nossos alunos ficam anos se preparando para realizar uma prova que vai lhe dizer se ele estudou o suficiente ou não.
Na verdade, entendo que eles são ensinados a se moverem dentro da estrutura; conheçam religiosamente cada ponto de tal. Esta ideia me fez lembrar sobre as pulgas amestradas. Conta a lenda que essas pulgas são colocadas dentro de um pote fechado por uma tampa. A medida que pulam, batem na tampa obstruindo sua saída do pote. Isso é repetido muitas vezes, fazendo com que elas se condicionem a chegarem somente a altura da tampa. Quando se abre a tampa, elas não conseguem sair, pois, foram domesticadas a se limitarem.
Penso que a leitura e a escrita seja a possibilidade de abrirem a tampa para não se limitarem a estrutura e possam aumentar a altura de seus saltos por meio da criatividade. Não podemos enjaular a fera criativa que tem nossos alunos, mas motivá-las a buscarem a liberdade da criação, da transformação. O trabalho do professor atualmente está amplamente difícil, porque a maioria dos alunos se acomodaram a pularem limitadamente dentro do pote. E não foi somente pela estrutura educacional, mas pela estrutura social apresentada ideologicamente pelas instituições de controle.
Pensando nisso tudo cheguei a seguinte conclusão: "Nunca imaginei que simples coisas como um lápis, um papel e uma ideia fossem capazes de revolucionar a vida de alguém."
Cleber Xavier